No dia 8 de maio de 1945, o mundo celebrou a rendição incondicional das forças nazi-fascistas, que abriu caminho para a capitulação japonesa alguns meses mais tarde. Era o triunfo da liberdade sobre a opressão, da democracia sobre a tirania.
Desde então, comemora-se, nessa data, o fim da II Guerra Mundial. Após romper sua neutralidade inicial por conta do torpedeamento de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães, o Brasil declarou guerra ao Eixo em agosto de 1942, enviando a Força Expedicionária Brasileira (FEB) ao Teatro de Operações da Europa, que contava com mais de 25.000 combatentes de todos os estados e territórios da Federação.
A participação do Brasil nesse momento histórico foi decisiva para a vitória aliada. À Marinha do Brasil coube a tarefa de defender o nosso vasto litoral, proteger a navegação de interesse do País e participar de inúmeras operações de escolta a comboios.
Nossa Força Aérea destacou-se no patrulhamento aéreo de nosso litoral e no heroico desempenho da Esquadrilha de Ligação e Observação e do 1º Grupo de Aviação de Caça nos céus da Itália. Em 2 de julho de 1944, o 1º Escalão da FEB partiu rumo ao Teatro de Operações da Itália, desembarcando em Nápoles no dia 16.
Após um curto período de instrução na Itália, as necessidades da Guerra impuseram ao Brasil uma entrada prematura na frente de batalha, em Camaiore, onde teve seu batismo de fogo.
A FEB atuou sobre os postos avançados da Linha Gótica, substituindo as tropas norte-americanas. Após a vitória em Camaiore, houve a conquista de inúmeras vilas e cidades, levando a um avanço de 40 quilômetros no Teatro de Operações.
Nossos soldados expedicionários encontraram e venceram o seu maior desafio operacional – Monte Castelo. Somente pela posse daquelas alturas, as forças do IV Corpo de Exército poderiam prosseguir em direção à Bolonha, grande objetivo do XV Grupo de Exércitos Aliados.
Em 21 de fevereiro de 1945, a 10ª Divisão de Montanha norte-americana atacou, simultaneamente, Della Torracia e Monte Castelo. Quebrando a continuidade da Linha Gótica e glorificando a participação da FEB, Monte Castelo caiu nas mãos dos Soldados Brasileiros, após 12 horas de intensos combates. Em seguida, com a chamada Ofensiva da Primavera, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária conquistou as alturas de Montese, chave para chegar ao Vale do Panaro.
Tais episódios foram cenário de duríssimos e disputados combates, impondo à nossa Força Expedicionária quase 400 feridos e 34 mortos e destacando alguns dos muitos exemplos de heroísmo, como os do Tenente Iporan Nunes de Oliveira, do Aspirante Francisco Mega e do Sargento Max Wolff Filho.
Grandes heróis permaneceram anônimos, combatendo direta ou indiretamente os opressores nazi-fascistas. Por fim, a FEB atuou em Collechio e Fornovo e executou manobra envolvente contra os alemães em Respício, onde o inimigo recebeu ultimato para rendição incondicional aos brasileiros.
A perseguição e a limpeza do Vale do Rio Pó deram sequência a uma épica captura de mais de 16.000 prisioneiros de guerra alemães. Devemos, também, reverenciar a coragem e o pioneirismo das mulheres que compuseram o Quadro de Enfermeiras do Serviço de Saúde da FEB e os civis desarmados, como os “soldados da borracha”, que trabalharam e pereceram sob condições inóspitas na Amazônia para que não faltasse a matéria-prima ao esforço de guerra.
A Segunda Guerra Mundial nos custou quase 2.000 baixas, entre mortos e feridos, além de 34 navios afundados e 22 aviões abatidos. Hoje, no aniversário dessa marcante data, podemos nos orgulhar da brilhante atuação de nossas Forças Armadas por ocasião do maior conflito bélico de todos os tempos.
O preço para dobrar os inimigos da democracia e da liberdade foi de proporções gigantescas: cerca de 60 milhões de vidas civis e militares sacrificadas, milhões de famílias dilaceradas e muitos países devastados.
Nesse dia, 8 de maio, Dia da Vitória, é fundamental que não nos esqueçamos da herança e do legado a nós deixados por aqueles que empenharam suas vidas para assegurar o bem da humanidade e para sustentar os valores mais caros e altivos de nossa Pátria. A eles, o nosso eterno reconhecimento, a gratidão e, acima de tudo, o compromisso de honrar seus exemplos inspiradores na luta diária pela soberania e pelo progresso de nosso País.
General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas
Comandante do Exército